Falando de coisa Boa!!!!!



BR-3 MARAVILHOSO, POÉTICO, FORTE E REALMENTE INOVADOR!

Nunca, nunquinha nesta minha vida pude fantasiar nem sequer nos meus mais loucos devaneios de obsessiva urbanóide paulistana, nem em sonho, nem em viagem astral, surto de febre ou ressaca moral que um dia eu fosse navegar pelo Rio Tietê, e ainda por cima navegar para ver uma peça de primeiríssima qualidade. Realmente estou extasiada com a a organização, enredo som, atores...
O Teatro da Vertigem aborda muitas vertentes de toda essa piração, megalomania da salvação ou conscientização da realidade não só do Rio Tietê, mas de tudo aquilo que se supõe ser a estrutura da sociedade: pessoas, vida, descaso, migração... ah, tem muito mais.
E tudo isso a bordo de uma embarcação vagando pelo Rio Tietê as 23h de uma sexta feira... Não, isso nunca, nunca mesmo eu pude imaginar (e olha que raramente digo nunca).
Amei a peça, foi um tapa na cara ver a cidade de dentro do Rio, o cheiro, a degradação, o medo do contato com a água, os gabiões imensos envelopando a calha do morto-vivo (aquele já foi rio). Pude ver a cidade de dentro dos seus intestinos, ver aquilo que “ele” vê, ou seja: absolutamente nada, alheio, profundo e solitário.
É chocante, mas de dentro do rio não se consegue ver muita coisa daquilo que o imaginário paulistano supõe de cidade, quando muito vi os caminhões na marginal expressa. O “rio”? velho de guerra é hoje uma vítima cega, é como uma criança violentada de bruços que nem tem a chance de ver a cara de todos nós, da cidade que o molesta e marginaliza, ele não pode ver, apenas sentir sem entender. E o pior, espera em silêncio o dia de seu derradeiro suspiro.

Por isso, depois deste texto dramático, parabenizo mais uma vez a atitude inovadora do Teatro da Vertigem por montar esta instalação-peça-teatro, um lampejo na minha consciência. Brasilândia, Brasiléia, Ceilândia ou DF.

Vou passar adiante o recado.

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