Notícias sobre o trânsito
Fonte UOL notícias: http://noticias.uol.com.br/ultnot/especial/2008/transito/2008/04/24/ult5848u12.jhtm
24/04/2008 - 08h00
Frota de veículos em São Paulo cresce acima da média em março e amplia o "nó" do trânsito na maior cidade do país
Cidade ganhou mais de 48 mil novos veículos no mês, uma
alta de 64% em relação à média mensal de crescimento de 2007
É o maior crescimento de veículos na frota registrado em um mês, analisando-se o período entre janeiro de 2007 até agora. A frota de veículos novos que saiu às ruas em março é 64% maior do que a média mensal de crescimento em todo o ano de 2007, que foi de 29.035 veículos novos ao mês.
A frota cresce em ritmo impressionante. Em 12 meses (de março de 2007 a março de 2008), o total de veículos em São Paulo subiu 6,7%, proporção quase 16 vezes maior que o ritmo de crescimento da população de São Paulo (0,41% ao ano em 2006 e 2007, segundo a Fundação Seade).
Comparando-se os primeiros trimestres de 2007 e 2008, o crescimento da frota também mostra-se elevado. O número total de veículos emplacados nos três primeiros meses de 2008 foi de 105.195, o que representa um aumento de 45% em relação ao mesmo período de 2007, quando 72.147 veículos novos saíram às ruas.
São Paulo ganha cerca de mil novos veículos por dia, de acordo com o Detran-SP. Em março, esse número subiu para 1.500. Existe, hoje, aproximadamente um veículo para cada dois habitantes na capital. Se enfileirada, toda a frota de 6.067.707 veículos seria quase suficiente para dar uma volta na Terra, que tem cerca de 40 mil quilômetros de circunferência.
O bom momento econômico do país, com os expressivos resultados de vendas apresentados mês a mês pela indústria automobilística, paradoxalmente contribui para a piora do problema urbano enfrentado por São Paulo: carros demais para ruas de menos. Nos últimos dez anos, o número de veículos cresceu 25%, enquanto a infra-estrutura urbana, com a quantidade de ruas e avenidas, aumentou apenas 6%, segundo dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Essa "invasão sobre rodas" nos 17,2 mil quilômetros de vias da capital é um dos fatores que impulsiona os crescentes recordes de congestionamentos registrados na maior cidade da América do Sul.
Nos meses de março e abril, a cidade bateu sucessivos recordes de vias congestionadas, segundo a CET. Os mais expressivos foram de 186 km de vias congestionadas no período da manhã (registrado às 9h do dia 11 de março), e de 229 km na noite do dia 3 de abril, o maior registrado pela CET até hoje. De acordo com estudo da companhia de tráfego, se considerarmos a média anual nos últimos dois anos, o pico de lentidão saltou de 86 km, em 2006, para 90 km, em 2007, no período da manhã, e de 114 km para 128 km à tarde. A média de 2008, seguindo a tendência dos últimos números, deve subir ainda mais.
Como conseqüência desse aumento desordenado de veículos em relação às vias, a velocidade média dos carros na capital caiu de 29 para 27 km/h, de 2006 para 2007, nos horários de pico. Para quem usa ônibus para se locomover, a lentidão é ainda maior: 12 km/h, de acordo com o SP-Urbanuss, sindicato que reúne as empresas de transporte urbano. O ideal, segundo estudo do órgão, seria de 20 km/h.
Existe solução para a cidade voltar a andar? "Diria que estamos caminhando para o caos no trânsito, e a uma velocidade média maior que aquela que enfrentamos atualmente nas ruas e avenidas da cidade. Mas não diria que o colapso é iminente, ainda há espaço para revertermos esta situação. A complexidade das soluções varia desde ações educativas voltadas aos motoristas até o término de obras complexas, como metrô e Rodoanel", afirma Dario Raiz Lopes, ex-secretário de Transportes do Estado de São Paulo.
Poder público
Em março deste ano, na semana em que o trânsito bateu sucessivos recordes, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), chegou a afirmar que o problema do trânsito na capital não teria solução - pelo menos a curto prazo. O secretário dos Transportes da cidade, Alexandre de Moraes, apoiado por Kassab, chegou a insinuar a existência de uma "ação orquestrada" para prejudicar o trânsito de São Paulo, em um ano eleitoral que tem como um dos concorrentes o atual prefeito.
Para Kassab, a principal origem do problema vem da falta de investimento da prefeitura no metrô nos últimos 28 anos. "Seria leviandade dizer que resolveremos todos os problemas do trânsito de São Paulo. Entretanto, temos uma gestão que definitivamente resolveu enfrentar o problema e implantar soluções - de curto, médio e longo prazos. É preciso continuidade", afirmou.
Entre as soluções praticadas pela atual gestão, segundo o atual prefeito, destacam-se a implantação de novos corredores de ônibus - e a recuperação de sete dos dez existentes, mais rigor na fiscalização, investimentos nos equipamentos da CET, instalação de semáforos inteligentes e GPS nos ônibus, investimentos no metrô, divulgação de 175 rotas alternativas, 19 obras em pontos de "gargalo" no trânsito, política de estacionamento e carga e descarga em 17 locais e a remoção de 167 lombadas em ruas e avenidas da cidade. As últimas quatro ações fazem parte de um pacote emergencial lançado pela prefeitura para conter o caos em março - e que foi considerado "tímido" por especialistas no assunto.
As fontes consultadas pelo UOL concordam que houve falta de cuidado com o transporte coletivo de São Paulo nas últimas gestões. "Houve um tempo em que acharam que o automóvel seria a solução para a cidade de São Paulo. Por isso, houve muito investimento na construção de pontes e avenidas, e o transporte público foi deixado em segundo plano", afirmou o engenheiro civil Horácio Figueira, consultor de trânsito da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego).
Agora é tarde para remediar? "Existe solução para o problema de transporte coletivo em São Paulo. Para o trânsito de transporte individual, nunca mais", crava Figueira. "É necessária a definição de uma política pública de transporte, circulação, uso e ocupação do solo urbano, que seja abrangente e concatenada", decretou o professor da USP (Universidade de São Paulo), Jaime Waisman.
Prejuízos
Além de estresse aos motoristas, o gargalo do trânsito de São Paulo traz também prejuízo aos cofres públicos. Segundo a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, o trânsito da região metropolitana de São Paulo gera um custo de R$ 4,1 bilhões por ano.
A constatação tem como base estudos da FIA/USP (Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo), do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da FHWA (Federal Highway Administration), que convertem em dinheiro o tempo gasto pelas pessoas nos seus deslocamentos (R$ 3,6 bilhões), além do prejuízo causado pela poluição atmosférica (R$ 112 milhões) e com os acidentes de trânsito (R$ 312 milhões), anualmente.
Além das citadas, não foram consideradas outras variáveis, como gastos com manutenção do pavimento de ruas, semáforos, estresse do motorista, entre outras.
Pela dimensão que o problema toma a cada novo recorde batido e, conseqüentemente, a cobrança da população por urgência na aplicação de soluções, o tema deve ser uma das bandeiras das candidaturas à prefeitura de São Paulo neste ano. Analistas políticos apontam como certa a presença das propostas para os problemas de trânsito entre as prioridades da pauta dos debates eleitorais.
O UOL produziu uma série de reportagens que pretende debater os problemas do trânsito em São Paulo e em outras metrópoles do Brasil. A série, iniciada hoje, terá várias matérias publicadas no decorrer das próximas semanas: as sugestões dos especialistas, quais soluções podem ser aplicadas a curto, médio e longo prazo, além histórias de como a população enfrenta o nó do trânsito todos os dias.
24/04/2008 - 08h00
Frota de veículos em São Paulo cresce acima da média em março e amplia o "nó" do trânsito na maior cidade do país
Cidade ganhou mais de 48 mil novos veículos no mês, uma
alta de 64% em relação à média mensal de crescimento de 2007
Ana Luisa Bartholomeu
Em São Paulo
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A frota cresce em ritmo impressionante. Em 12 meses (de março de 2007 a março de 2008), o total de veículos em São Paulo subiu 6,7%, proporção quase 16 vezes maior que o ritmo de crescimento da população de São Paulo (0,41% ao ano em 2006 e 2007, segundo a Fundação Seade).
Comparando-se os primeiros trimestres de 2007 e 2008, o crescimento da frota também mostra-se elevado. O número total de veículos emplacados nos três primeiros meses de 2008 foi de 105.195, o que representa um aumento de 45% em relação ao mesmo período de 2007, quando 72.147 veículos novos saíram às ruas.
São Paulo ganha cerca de mil novos veículos por dia, de acordo com o Detran-SP. Em março, esse número subiu para 1.500. Existe, hoje, aproximadamente um veículo para cada dois habitantes na capital. Se enfileirada, toda a frota de 6.067.707 veículos seria quase suficiente para dar uma volta na Terra, que tem cerca de 40 mil quilômetros de circunferência.
O bom momento econômico do país, com os expressivos resultados de vendas apresentados mês a mês pela indústria automobilística, paradoxalmente contribui para a piora do problema urbano enfrentado por São Paulo: carros demais para ruas de menos. Nos últimos dez anos, o número de veículos cresceu 25%, enquanto a infra-estrutura urbana, com a quantidade de ruas e avenidas, aumentou apenas 6%, segundo dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Essa "invasão sobre rodas" nos 17,2 mil quilômetros de vias da capital é um dos fatores que impulsiona os crescentes recordes de congestionamentos registrados na maior cidade da América do Sul.
Nos meses de março e abril, a cidade bateu sucessivos recordes de vias congestionadas, segundo a CET. Os mais expressivos foram de 186 km de vias congestionadas no período da manhã (registrado às 9h do dia 11 de março), e de 229 km na noite do dia 3 de abril, o maior registrado pela CET até hoje. De acordo com estudo da companhia de tráfego, se considerarmos a média anual nos últimos dois anos, o pico de lentidão saltou de 86 km, em 2006, para 90 km, em 2007, no período da manhã, e de 114 km para 128 km à tarde. A média de 2008, seguindo a tendência dos últimos números, deve subir ainda mais.
RECORDES DE LENTIDÃO EM SÃO PAULO, NO PERÍODO DA MANHÃ, SEGUNDO A CET | ||||||||||||||||||||||||||||||
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Existe solução para a cidade voltar a andar? "Diria que estamos caminhando para o caos no trânsito, e a uma velocidade média maior que aquela que enfrentamos atualmente nas ruas e avenidas da cidade. Mas não diria que o colapso é iminente, ainda há espaço para revertermos esta situação. A complexidade das soluções varia desde ações educativas voltadas aos motoristas até o término de obras complexas, como metrô e Rodoanel", afirma Dario Raiz Lopes, ex-secretário de Transportes do Estado de São Paulo.
RECORDES DE LENTIDÃO EM SÃO PAULO, NO PERÍODO DA NOITE, SEGUNDO A CET | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Poder público
Em março deste ano, na semana em que o trânsito bateu sucessivos recordes, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), chegou a afirmar que o problema do trânsito na capital não teria solução - pelo menos a curto prazo. O secretário dos Transportes da cidade, Alexandre de Moraes, apoiado por Kassab, chegou a insinuar a existência de uma "ação orquestrada" para prejudicar o trânsito de São Paulo, em um ano eleitoral que tem como um dos concorrentes o atual prefeito.
VIAS CAMPEÃS DE LENTIDÃO (MANHÃ)* | |||||||||||||
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Entre as soluções praticadas pela atual gestão, segundo o atual prefeito, destacam-se a implantação de novos corredores de ônibus - e a recuperação de sete dos dez existentes, mais rigor na fiscalização, investimentos nos equipamentos da CET, instalação de semáforos inteligentes e GPS nos ônibus, investimentos no metrô, divulgação de 175 rotas alternativas, 19 obras em pontos de "gargalo" no trânsito, política de estacionamento e carga e descarga em 17 locais e a remoção de 167 lombadas em ruas e avenidas da cidade. As últimas quatro ações fazem parte de um pacote emergencial lançado pela prefeitura para conter o caos em março - e que foi considerado "tímido" por especialistas no assunto.
As fontes consultadas pelo UOL concordam que houve falta de cuidado com o transporte coletivo de São Paulo nas últimas gestões. "Houve um tempo em que acharam que o automóvel seria a solução para a cidade de São Paulo. Por isso, houve muito investimento na construção de pontes e avenidas, e o transporte público foi deixado em segundo plano", afirmou o engenheiro civil Horácio Figueira, consultor de trânsito da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego).
Agora é tarde para remediar? "Existe solução para o problema de transporte coletivo em São Paulo. Para o trânsito de transporte individual, nunca mais", crava Figueira. "É necessária a definição de uma política pública de transporte, circulação, uso e ocupação do solo urbano, que seja abrangente e concatenada", decretou o professor da USP (Universidade de São Paulo), Jaime Waisman.
Prejuízos
Além de estresse aos motoristas, o gargalo do trânsito de São Paulo traz também prejuízo aos cofres públicos. Segundo a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, o trânsito da região metropolitana de São Paulo gera um custo de R$ 4,1 bilhões por ano.
VIAS CAMPEÃS DE LENTIDÃO (TARDE)* | |||||||||||||
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Além das citadas, não foram consideradas outras variáveis, como gastos com manutenção do pavimento de ruas, semáforos, estresse do motorista, entre outras.
Pela dimensão que o problema toma a cada novo recorde batido e, conseqüentemente, a cobrança da população por urgência na aplicação de soluções, o tema deve ser uma das bandeiras das candidaturas à prefeitura de São Paulo neste ano. Analistas políticos apontam como certa a presença das propostas para os problemas de trânsito entre as prioridades da pauta dos debates eleitorais.
O UOL produziu uma série de reportagens que pretende debater os problemas do trânsito em São Paulo e em outras metrópoles do Brasil. A série, iniciada hoje, terá várias matérias publicadas no decorrer das próximas semanas: as sugestões dos especialistas, quais soluções podem ser aplicadas a curto, médio e longo prazo, além histórias de como a população enfrenta o nó do trânsito todos os dias.
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